sábado, 13 de agosto de 2011

A PROVA DA NÃO-EXISTÊNCIA DE DEUS

Na medida que, historicamente, desenvolvem-se a razão e a ciência, os deuses são substituídos pelo conhecimento e pela compreensão do fenômenos naturais. Foram ficando cada vez mais improváveis até o ponto em que se tornaram impossíveis. Foram sendo empurrados para fora da realidade e se refugiaram nos recessos obscuros da metafísica. Lá podem ter quaisquer atributos imaginários onde são apenas isso, imaginários.
A prova da não-existência de deus não é uma prova contra qualquer deus, mas contra o deus que é:
Onisciente, onipotente, onipresente, transcendental, imaterial, atemporal, pessoal e necessário.
E este é o mais perfeito, mais completo deus concebível pela metafísica e seus derivados. É a suprema concepção divina, frente a qual todos os outros deuses se apequenam em suas insuficiências e falta de predicados.
A primeira parte da prova está nesta própria definição. Há uma óbvia contradição entre ser "onisciente, onipotente, onipresente" e "imaterial, atemporal" simultaneamente. No universo da matéria, da energia, do espaço e do tempo, os primeiros atributos só podem ser verdadeiros se houver pelo menos uma parte de deus que seja material e temporal. Senão, não há como exercer a onipotência, a onisciência e a onipresença no âmbito do nosso universo.
Nenhuma potência que não pode ser vertida por fontes de energia utilizável, causará qualquer efeito sobre os eventos deste universo.
Nenhuma presença que não pode ser traduzida, experimentada, efetivada em algum tipo de matéria, que não assuma uma corporalidade material, que não ocupe algum lugar no espaço - ainda mais supostamente presente em todo o espaço - pode ser detectada e interagir neste universo.
Conquanto informação no universo é, necessariamente, energia, particularmente energia eletromagnética, qualquer entidade que se supõe onisciente deve, imperiosamente, ser capaz de ler as informações que são transmitidas por estas ondas energéticas. Tem de haver pelo menos um receptor sensível, vale dizer material, para todas as informações, capaz de detectá-las e permitir o efeito da onisciência. E o alcance deste receptor, neste nosso universo, é limitado pela natureza ondulatória da energia, por sua velocidade. Seriam necessários infinitos receptores para que o atributo da onisciência fosse verdadeiro, o que implica que em todos os lugares do universo haveria receptores presentes - a onipresença material. Desse modo só poderia haver um universo no qual todo o espaço é preenchido pela materialidade dos receptores de deus. Caso contrário, deus seria dependente da velocidade da luz, do tempo que a informação leva para ser transmitida e recebida, o que implica em submeter-se deus à temporalidade.
Portanto, ser "onisciente, onipotente, onipresente" e "imaterial, atemporal" simultaneamente é uma impossibilidade absoluta.
OU:
1- Deus é imaterial, atemporal E - por isso - inconsciente, ausente e impotente de modo absoluto.
OU:
2- Deus é (precariamente) onisciente, onipotente, onipresente E material e temporal;
No primeiro caso, não existe.
No segundo caso, esse deus pode existir apenas mutilado em seus maiores atributos porque a materialidade e temporalidade são limitações absolutas para a onisciência, a onipresença e onipotência. Esse deus sem os seus atributos plenos não é Deus.
Examinemos agora o argumento que está implícito na formulação deste conjunto de atributos. Deus seria a Totalidade, a soma de tudo que existe, maior que o universo conhecido, universo que seria, neste caso, apenas uma de suas partes. A dificuldade reside exatamente aí: Se o universo espaço-temporal, da matéria-energia, é parte de deus, pelo menos esta parte de deus é determinada pelas condições locais de tempo e matéria. Pelo menos esta porção de deus, necessariamente, não é imaterial e atemporal. A temporalidade e a materialidade deste nosso universo-parte impõe que deus seja simultaneamente, no mínimo, material e imaterial, temporal e atemporal. O que equivale dizer que deus é, no máximo, parcialmente onisciente, parcialmente onipontente e parcialmente onipresente. Evidentemente um absurdo. O que é parcial não é obviamente 'Omni' (do latim 'omne' todo, inteiro).
Logo, deus, na condição de totalidade que deriva do conjunto inicial dos seus atributos, não pode existir por contradizer e negar esses mesmos atributos. Finalmente, para que deus possa existir com todos os seus atributos preservados, teríamos que remover o nosso universo, onde estes atributos são simultaneamente impossíveis, da totalidade. O que equivale dizer que a existência do universo torna deus irrelevante, no melhor dos casos, e no pior e mais provavel, impossível. O universo é a prova da não-existência de deus.

Como escrevi inicialmente, esses argumentos por si já são suficientes para negar a existência desse deus.
Há ainda outros argumentos que provam a não-existência de deus e emergem dos últimos dois atributos divinos descritos acima. Primeiro, vamos descartar o ítem 'transcendental' como apenas uma expressão dependente de significado em relação aos outros atributos. É apenas uma redundância do imaterial e atemporal.

Porque um deus "onisciente, onipotente, onipresente, transcendental, imaterial, atemporal, pessoal e necessário" não é, afinal, auto-evidente? Por que uma entidade com tais atributos - esqueçamos as contradições por um momento - não está permanentemente, majestaticamente, irrefutavelmente diante de nós? Por que não é universalmente aceito como óbvio, real e verdadeiro? Por que precisa ser ensinado? Por que não é reconhecido instantaneamente por todos os seres conscientes? Por que é desconhecido por ampla parcela da humanidade?
Se é 'pessoal', então todos os seres humanos deveriam ser capazes de reconhecê-lo instantaneamente como parte integrante de sua própria natureza. O aspecto pessoal de tal natureza divina deveria ser tão óbvio que, quando adquiríssemos auto-consciência, diríamos "eu existo e deus também como parte intrínseca, inalienável de mim, assim como sou parte dele!". Todas as crianças do mundo, no nascimento ou quando se auto-descobrissem, sem qualquer outra influência, descobririam simultaneamente deus em sua própria pessoa. Mas não é o que ocorre, esse deus, ou todos os outros, precisam ser ensinados pelos pais ou pelo menos, mais tarde, pela tribo na qual as crianças nasceram. O que nos remete ao último atributo, o deus necessário.

Se deus é pessoal e necessário então todos os seres humanos não apenas o descobririam por sim mesmos mas, também e principalmente, não poderiam sequer viver sem ele. Esse deus seria mais importante e vital que o ar, sem o qual morreríamos em poucos minutos. Sem esse deus, qualquer um deixaria de viver instantaneamente, dada a sua suposta necessidade para todos os seres humanos. Mas, misteriosamente, diferentemente do ar que é impossível negar sua existência e imediata necessidade, há muitos humanos que simplesmente continuam a viver sem saber sequer da existência deste debate, quanto mais deste deus. Ignoram este deus com todos os seus atributos e esse debate que o cerca. O que leva a inevitável conclusão de que se houvesse esse deus não haveria sequer dúvidas, quanto mais ateus. Ninguém seria insano de negar a existência do que necessita para viver. Ninguém pode negar o ar, a luz solar e a água como vitais e necessários. Se há alguém que ignora deus, ou que, tendo-o conhecido, duvida e o nega é porque simplesmente esse deus onisciente, onipotente, onipresente, transcedental, imaterial, atemporal, pessoal e necessário, é apenas e inexoravelmente uma invenção não muito inteligente.
Um deus que não sabe, não tem consciência daqueles que o ignoram, não é onisciente; Um deus que não está presente em todos os lugares para ser inegavelmente percebido não é onipresente; Um deus que não pode provar incontestavelmente ao menos a sua própria existência, não é onipotente; Um deus que não se manifesta imediatamente na dimensão da consciência individual de cada um, não é pessoal e, finalmente; Um deus que não faz da vida de todos nós dependentes de sua existência, não é sequer necessário.

Em última instância, um deus "onisciente, onipotente, onipresente, transcendental, imaterial, atemporal, pessoal e necessário" - além de ser uma contradição nos próprios termos - que pode ser negado, só pode existir como uma invenção metafísica do cérebro primata. Portanto, não existe.

Um comentário:

o.o disse...

Nossa ia ler e comentar algo de maneira filosófica pra refutar cada levantamento feito... Mas vou perder mto tempo e acredito que você não entenderia..
Mas deixo um cara que já deixou alguns videos meio que quase didáticos para compreensão William Craig..vê uns videos dele..
Porque caramba usou uns argumentos físicos tb inconsistentes..a deixa queto..vê os videos dele vai ajudar..abraçao irmão..
Lembrando só estou dizendo que esses argumentos são extremamente falhos .