domingo, 30 de junho de 2013

O surgimento da estratégia do boicote como arma política.

Talvez a forma de ação mais efetiva que poderá emergir das manifestações populares organizadas na internet, por meio das redes sociais, - e penso inevitável seu surgimento – venha a ser os boicotes gerais ou específicos.
Os boicotes são uma forma muito eficaz de mudar os comportamentos das empresas e governos.
As greves provocam a paralisação da produção e dependem do grau de organização dos trabalhadores, são a sua arma política. Ao parar a produção, a greve ameaça a a saúde econômica das empresas em põe em xeque a geração de lucros.
Nas sociedades onde a massa de empregados no trabalho produtivo diminui pela intensificação das tecnologias, o mesmo não ocorre do lado do consumo.
O boicote produz o mesmo efeito pelo lado do consumo. E provavelmente um efeito muito mais devastador porque todos são consumidores em uma sociedade onde uma minoria é produtiva em termos industriais.
O boicote pode ir muito além da mudança de comportamentos dos agentes econômicos, levando-os até mesmo, no extremo, à bancarrota.
Quanto mais se expande o número de consumidores com acesso às redes sociais, maior se torna a possibilidade destes se organizarem para impor seus direitos afetados pelas decisões corporativas.
A cidadania que amadurece dentro destas redes irá limitar cada vez mais o raio de ação dos interesses privados, confrontando-os em seu aspecto mais vulnerável, o lucro.
Mais que uma tendência, o boicote se constitui na mais poderosa arma de ação e transformação política.

As crises da sociedade. As sociedades como crise.

A crise ambiental, a crise energética, a crise social, a crise econômica, a crise financeira, a crise moral, todas estas crises, são fenômenos derivados da grande crise que é o desarranjo energético da sociedade da mercadoria, que por sua vez é uma crise da humanidade e da biosfera.
As formas sociais que esta sociedade assume escamoteiam em grande medida esta crise de maior amplitude que é o desarranjo energético da biosfera por uma de suas espécies, a nossa, mas não do planeta.

Aqui devemos separar ambos pois se a biosfera é dependente da existência do planeta, o inverso não é verdadeiro. A história geológica da Terra está relacionada com a história da vida sendo esta um processo superficial e acessório de certos fenômenos geológicos.
A história do planeta é a história de seu resfriamento até o limite extremo do total congelamento do núcleo em um futuro distante. A Terra está esfriando e assim continuará movendo continentes, gerando cadeias de montanhas e vulcões até o esgotamento da sua energia interior.

A biosfera se ocupa de interferir marginalmente neste processo planetário seguindo os ritmos ditados pelos ciclos astronômicos e suas variações, pela crescente irradiação solar e pela entropia errática do núcleo do planeta. Dentro deste quadro, a biosfera é secundária e permanecerá enquanto esta condições maiores estiverem presentes, nos termos de sua sustentação. Há um fluxo médio de energia que deriva destas condições e a vida tem variado e se adaptado às mudanças deste processo, mesmo que não isento de sobressaltos e ameaças de destruição. A extinção da imensa maioria de todas as espécies vivas é testemunho disto. Não há espécies melhores ou piores. Há apenas espécies sobreviventes destes acidentes de maior escala.
Isto posto, onde se situa a humanidade neste cenário?

As sociedades humanas ainda são construções materiais, concretas e objetivas, produtivas e degenerativas energeticamente, da história da ignorância de uma espécie humana que emergiu apenas recentemente da inconsciência gregária dos mamíferos. E assumem uma forma de patologia anti-natureza no impulso de sua perpetuação.
A patologia se manifesta porque estas sociedades também são construções culturais e abstratas, que refletem e projetam a ignorância das condições materiais que lhes sustentam e das quais se originaram.

O que talvez seja mais humilhante ainda, frente a presunção de nossa inteligência autoconsciente – porque há muitas outras inteligências inconscientes – é que talvez venhamos a ser apenas mais um experimento falho a se somar a extensa lista de espécies extintas.
A biosfera não comporta a humanidade tecnológica nos termos impostos pela sociedade da mercadoria que produz, em última instância, lixo, resíduos de uma entropia acelerada. Os ciclos naturais não suficientes para tratar desta sobrecarga artificial que se acumula no ambiente.
É a crise da sociedade da mercadoria que é, por sua vez, a crise da humanidade vista como uma desarranjo energético. Uma aceleração da entropia natural do ambiente.
A produção do lucro requer a existência de uma máquina produtora e consumidora de mercadorias que nos absorve e nos isola em suas entranhas, e que aumenta o consumo das reservas energéticas muito acima da sua capacidade natural de recomposição. A Sociedade da acumulação e do lucro é uma crise em si mesma deste ponto de vista.
A mobilização de recursos na biosfera para a (re)produção desta sociedade doentia, desta “febre”, assume um aspecto ainda mais patológico quando move estas engrenagens em benefício não apenas uma espécie, mas em benefício de pequenos grupos ou mesmo espécimes particulares desta espécie. O lucro e a riqueza pessoal dentro desta sociedade é o ápice e o vértice mais visível – e contraditoriamente reforçado culturalmente - de toda esta profunda disfuncionalidade destruidora.
Somente uma espécie doente pode produzir uma sociedade doente. E somente uma sociedade doente pode produzir tantas patologias metafísicas ao ponto de conferir supremo valor mítico e mistificado de um simulacro de sua natureza, representados e enfeixados numa abstração:
O indivíduo, versão semi-deificada do membro alfa do bando.
O presente estado das sociedades da mercadoria se traduz também em um roubo do futuro, via desarranjo ambiental, quebrando por antecipação o ritmo natural dos ciclos do ambiente.  
Ao aumentar geometricamente a população humana através do consumo e produção de mercadorias, realizado por máquinas que usam energia fóssil em ritmo e escala muito maiores que as que ocorrem naturalmente, estamos trazendo para o tempo presente os que deveriam nascer, dados os processos energéticos da biosfera, no futuro. Estamos antecipando as gerações e com isso estamos acelerando a nossa extinção quando desarranjamos a biosfera.
A sociedade da acumulação em sua reprodução também acumula uma enorme quantidade de resíduos e lixo. A manutenção desta ordem social se reverte em desordem acelerada do seu entorno, para além de suas fronteiras.

No modo atual como estabelecemos e organizamos nossas sociedades produtoras de mercadorias neste planeta, tornamo-nos ameaça à biosfera e a nossa própria sobrevivência.
Caso insistamos neste caminho, certamente a biosfera prevalecerá.
Já sobreviveu a crises maiores que as que eventualmente possamos produzir. O inverso ainda não é verdadeiro e provavelmente nunca será.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Manifesto pela Democracia Real

Manifesto pela Democracia Real


A humanidade está vivendo um tempo sem precedentes.

Pela primeira vez o planeta torna-se um só lugar, pequeno e conhecido.
Suas diversidades naturais, sociais, culturais, climáticas, geológicas, biológicas só fazem sentido como partes de um todo indivisível, insubstituível e único.

O poder que decide o destino destas diversidades também deve ser único sem ser governo nenhum.

Somente a REDE MUNDIAL DE PESSOAS - INTERNET - pode conter todas as diversidades e permanecer, por sua própria natureza, una.

Somente a INTERNET tem legitimidade para decidir todas as questões da VIDA em todas as suas formas.

Todos os seres humanos têm o direito de se conectar à INTERNET e nela participarem das decisões de sua comunidade local, regional e planetária.

A INTERNET não reconhece como legítima nenhuma outra forma de poder que não ela mesma.

A INTERNET tem o compromisso de propagar a si mesma estendendo o seu alcance sobre todo o planeta, fornecendo os meios e tecnologias necessários para que todas as pessoas de todos os lugares possam conectar-se a ela.

Todas as pessoas atingem o status de cidadãos do mundo quando integram a INTERNET , nela votando todas as questões, matérias, orçamentos e projetos de quaisquer natureza.

A INTERNET dispensa toda e qualquer forma de representatividade política uma vez que a cidadania é inalienável, individual e instantânea.

Nada em qualquer parte do mundo pode ser feito sem que a INTERNET saiba ou aprove. Portanto, nenhum outro interesse, individual ou grupal, privado ou público pode estar acima dos interesses da INTERNET .

A INTERNET proverá aos seus membros todas as informações e meios de difusão necessários para o mais completo conhecimento sobre todos os assuntos, estando desde já abolidas todas as formas presentes e futuras de censura.

A INTERNET é guardiã e depositária de toda história e cultura humanas, de todo conhecimento científico e tecnológico, artístico e espiritual e é seu dever ampliar permanentemente o conjunto destas informações.

A INTERNET tem o dever de divulgar ampla, aberta e irrestritamente todo o conhecimento passado, presente e futuro para que todas as pessoas possam desenvolver seus potenciais.