domingo, 10 de junho de 2012

A política nos fóruns ou o efeito (tribal) manada.


Os macacos continuam os mesmos. Fazem alianças, coçam as costas uns dos outros e massacram os “inimigos”.
Quem se der o trabalho de estudar Etologia verá que os humanos são mais símios que qualquer outra coisa.
Com exceção da linguagem, que os torna mais tagarelas e nem por isso mais inteligentes, comportam-se exatamente como nossos primos chimpanzés, gorilas e bonobos.
Repetem, por ignorância de sua própria natureza, o mesmo comportamento simiesco e tribal de afagar seus pares enquanto combatem seus adversários. Grupamentos genéticos semelhantes, graus de parentesco agregam ou afastam os macacos.
Evoluímos.
Hoje nos agregamos em nossas igrejas, nossas ideologias, nossas academias e todas as nossas outras crenças tribais sofisticadas que compartilhamos, mas não deixamos de execrar o diferente, o dissidente, o herege. Emocionalmente rejeitamos o que contesta nossas amadas crenças e nossos interesses,  com seus respectivos e derivados laços tribais.
Sejam quais forem - partidos políticos, religiões, times esportivos, clubes ou profissões - as identidades culturais de qualquer ordem reforçam estes laços. Nosso conforto emocional primata, de coçarmos as costas e alisarmos as crenças uns dos outros, está na raiz de nossas guerras mais brutais, mais racionalizadas e mais destrutivas. Mesmo quando nosso sofrimento é excruciante pela perda do que amamos, justificamo-lo como o sacrifício necessário que temos que pagar para garantir a integridade de nossas ilusões.
Sacrificamos tudo porque não aceitamos a consciência de que somos apenas macacos ignorantes que desceram das árvores para trepar, ambiguamente, uns nas costas dos outros. Prontos para amar, prontos igualmente para matar.
Traiçoeiramente.
Este comportamento primata podemos verificar na maior Ágora jamais vista, a internet. O que nos conecta apenas acaba por nos dividir ainda mais em tribos cada vez maiores de acordo com nossas falsas necessidades de segurança e conforto, de conveniências e interesses. Nos fóruns da internet, “tudo se repete, ô maninha, como antigamente”.
O eterno retorno do macaco que se imagina super-homem. E o símio digitaliza e universaliza sua estupidez.
Admirável mundo velho.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Lei Cosmológica da Entropia

A razão para a baixa entropia inicial do Universo seria apenas óbvia se não fosse quase uma tautologia.
A resposta está nos graus de liberdade que a energia possuia no início.
Os estados mais entrópicos requerem diferentes e variados graus de liberdade para ocorrer.
No começo do universo o que menos havia era espaço (graus de liberdade) para a ocorrência de estados entrópicos diferenciados.
Quando, na sigularidade original, o grau de liberdade tendia a zero, a Entropia, limitada por esta falta de espaço, também tendia a zero. De outro modo, quando o volume tende a zero, a Entropia tende igualmente a zero.

Resumindo:
Quanto maior o grau de liberdade (espaço), maior o número de estados que o universo pode assumir e maior sua entropia.

Esta lei  pode ser enunciada assim:
"A Entropia é igual ao grau de liberdade da energia em um dado sistema. Quando o grau de liberdade tende a zero a entropia tende a zero."

domingo, 29 de abril de 2012

O Argumento Cosmológico Marroni - The Cosmological Argument Marroni:

Refutando o Argumento Cosmológico Al Ghazali ou Kalam.

Tudo que começa a existir no tempo tem uma causa;
O universo não existe no tempo;
O universo não tem uma causa.

Everything that begins to exist in the time has a cause,
The universe does not exist in time;
The universe does not have a cause.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Para a crítica do Marxismo

O pensamento de Karl Marx surge como produto do capitalismo. É gerado dentro da atmosfera do capital, produto de sua época. A natureza dialética da realidade cria seus pares antitéticos dos quais o marxismo nasce e se circunscreve no polo crítico do desenvolvimento do capitalismo. Sua denúncia revela a natureza das profundas contradições do modo de produção capitalista, desvenda seus processos e suas leis fundamentais. Em sua natureza crítica, o marxismo se assenta sobre categorias próprias inerentes ao capital, suas relações e suas consequências. Desenvolvendo seu edifício teórico sobre os fundamentos dessas categorias, o pensamento de Marx desnuda a verdadeira natureza das relações históricas e sociais constituintes do capital e, dialeticamente, completa a obra do capitalismo. Dito de outro modo, o marxismo não se limita apenas na investigação, análise e síntese do que é o capitalismo. É ao mesmo tempo a narrativa historiográfica da existência do capital; É, por assim dizer, seu locutor e comentarista, afastado do seu objeto de estudo. Marx não foi capitalista nem trabalhador e pode assistir e narrar a trama que se desenvolvia perante seus olhos. Conquanto se considere o peso e a densidade de sua obra, marcada pelo rigor do pensamento em elucidar cada meandro da complexidade da sociedade capitalista, não se pode deixar de observar o marxismo como produto desta mesma sociedade. E essa passou a ser o seu limite. A análise marxista da história contemporânea tem seu limite dentro do horizonte do capital, se encerra nas fronteiras do capital. Sua proposta de superação do capitalismo foi formulada partindo de dentro da sociedade capitalista e esta proposta já se encontra, ela mesma, superada. O que deve suceder ao capitalismo não pode ser formulado, engendrado a partir das categorias inerentes ao capital.
O problema central da reprodução material das sociedades humanas deve ser abordado por um pensamento que se inicia fora do âmbito do capitalismo, desvinculado da teoria marxista, irmã antitética do capitalismo.
O marxismo é o horizonte teórico do capitalismo, não tem concorrente a sua altura. Porém, dialeticamente, o capitalismo é o horizonte histórico do marxismo, seu limite. Daí decorre a dificuldade da formulação do pensamento marxista sobre o que deve seguir ao capitalismo. Vale perguntar, como a sociedade humana global irá se reproduzir materialmente de um modo pós-capitalista. Não basta dizer que o capitalismo no desenvolvimento pleno das forças produtivas encontrou seu limite histórico. Deve-se dizer o que fazer com essas forças, como e para quem, a partir do que elas irão agir.
Pode-se admitir agora, em caráter precário, as categorias marxistas apenas como categorias de "transição" para um outro paradigma, para o avanço sobre as fronteiras da terra incógnita do pós-capitalismo. Mas não se pode elaborar o "pós" com as limitações intrísecas dessas categorias.

- As atividades produtivas humanas podem ser chamadas de trabalho. Mas o trabalho sempre foi determinado social e historicamente. E também técnica e ambientalmente. Como quer que venha a ser o trabalho na sociedade pós-capitalista, quais serão suas determinações, seus parâmetros e seus limites?

Um método aproximativo da elaboração desta proposta deve iniciar pela análise e validação dos elementos presentes agora na sociedade capitalista em crise. Destes, verificar quais são os decadentes e os emergentes. Os integradores e desintegradores. Separar o novo do arcaico. Inserir simultaneamente um cunha teórica e forçar a ruptura do paradigma marxista reformulando a base conceitual. Qual a validade do conceito Capital? Os frutos e as relações sociais de produção devem ser transformados na forma-dinheiro? E o valor deve ser determinado pelo trabalho socialmente necessário? O próprio conceito de valor (econômico) deve ser considerado válido?
Indo mais além, a ciência econômica deve sobreviver ao modo de produção que lhe deu origem? Cabe ainda formular a reprodução material da sociedade humana nos termos da Economia Política? Os objetos produzidos pelo conjunto desenvolvido das forças produtivas obviamente possuem valor de uso. Mas devem ter valor de troca? Devem ser convertidos em mercadorias? Podemos elaborar projetos quaisquer sem levar em conta os preços dos componentes?
A troca é inerente à vida nas sociedades humanas, mas deve ela se realizar pela dupla relação de compra e venda?

- Uma ponte é feita de vários materiais e trabalho; o dinheiro não pode, por sua natureza metafísica, ser agregado à ponte. Por que deve fazer parte de seu projeto? O projeto técnico deve ser subordinado ao projeto econômico? Por quê?

Com exceção do seu método, a maior e talvez única contribuição do Marxismo para a superação do capitalismo é o seu abandono, sua extinção.