domingo, 6 de novembro de 2011

Princípio da incerteza da função de onda da realidade.

"Ser ou não ser? Eis a questão!"
Ser E não ser, eis a Resposta!


Há dois estados possíveis para a realidade, existir e não-existir. A realidade comporta os dois polos deste par binário. Os universos oscilam entre os dois polos, como um destes dois possíveis estados e muito do que percebemos são posições ondulatórias interferentes entre estes dois estados limites.
Imaginemos uma onda senoidal, análoga a corrente elétrica alternada. O ciclo completo da onda comporta duas amplitudes. Uma amplitude da onda é positiva, um valor arbitrário igual a 1 e a outra amplitude é negativa, tem um valor igual a -1. Em cada ciclo, para a onda como um todo, os dois estados existenciais possíveis e excludentes, estão presentes.
Na amplitude 1 da onda, o universo existe como uma separação provisória, um desdobramento entre a matéria-energia e seu oposto equivalente, o espaço-tempo. Nesta porção da onda o universo existe.
Na amplitude -1, o universo reverte à indiferenciação, não há distinção entre matéria-energia e espaço-tempo. Na amplitude “negativa”, o universo não existe. Em qualquer um dos dois estados a energia total da realidade é sempre zero. Não há nenhuma violação das leis da física. Existir e não-existir são, para cada ciclo completo da onda, equivalentes.
A razão para o universo existir, é, portanto, a mesma para não existir. A existência do universo é uma pergunta sem sentido porque equivale a perguntar porque o universo não existe. A incerteza da existência se distribui sobre todas as diferentes fases possíveis da onda, criando padrões de interferência que determinam as diferentes realidades, os diferentes universos. Inevitavelmente, as interferências se multiplicam e acabam por produzir universos menores que a escala de Planck (10 elevado na -35). Estes universos equivalem às entidades geradas pelas flutuações quânticas. Para universos gerados pelos padrões de interferência que permitem uma amplitude e frequência maiores que a escala de Planck, a matéria-energia pode ser expandir e se desdobrar no espaço-tempo em um universo igual ao que vivemos.
O nosso universo, considerando estes padrões de interferência, existe como um conjunto de incontáveis outros universos infinitesimais, que se manifestam, dadas as suas próprias escalas sub-plânckticas, como matéria e energia, espaço e tempo, constituintes do nosso universo.
Nosso universo é, em macro escala, a soma fractal de todos os possíveis padrões de interferência, do conjunto de universos-partículas que oscilam entre a existência e a não-existência.
O universo que habitamos é constituído de um número infinito de universos que, dentro dos valores inferiores à escala de Planck, vibram entre a existência e a não-existência.
O nosso universo é, afinal, a ordem agregada de n-padrões de interferência, que se traduzem em n-dimensões, onde universos oscilantes se sobrepõe e superpõe em escala fractal.

Universos estroboscópicos.

Quanto dura cada um destes universos? O tempo que cada um leva em um ciclo completo da onda entre existir e não-existir. O tempo que cada oscilação leva para percorrer, por sua vez, cada uma das fases mais longas da ordem seguinte de oscilação em outro nível mais elevado. O Tempo aqui deve ser entendido como a quantidade de oscilações, a frequência, que ocorre até que a extensão de uma oscilação de uma ordem superior seja completamente percorrida. Uma onda que deve percorrer a extensão de uma outra onda maior. Todas as ondas são constituídas por ondas que, por sua vez, por outras ondas são também constituídas, sucessivamente. Ondas sobre ondas, ondas que formam granularmente outras ondas, indefinidamente.
Oscilações em escala sub-plânckticas, de universos que passam do estado existente para o não-existente, dentro do tempo de Planck, conferem a cada um destes universos uma existência virtual e estroboscópica, suficientemente estendida, em seu conjunto, para que se manifestem, em nosso universo, como um contínuo de ondas e partículas reais. As partículas persistem como uma onda oscilatória de probabilidades dentro de uma onda análoga e fractal, em um grau mais elevado, uma frequência menor, uma onda mais longa, que se abre em outra dimensão.
Ciclos oscilatórios mais amplos e mais longos, portanto, são a soma de todos os ciclos mais curtos e de elevada frequência, intermitentes entre existir e não-existir. Nosso universo existe como a dimensão fractal, como a soma espaço-temporal das interferências de infinitas ondas que vibram entre existência e não-existência.
Então, quando aconteceu pela primeira vez? Simples, depois da última.
Há uma fase da onda da realidade que é absolutamente inversa a amplitude atual da onda da realidade. Em outros termos, a onda da realidade, em sua amplitude 1 é simultânea à fase de sua amplitude reversa, -1 e o resultado é indeterminado e indiscernível.
A realidade não só oscila entre a existência e a não-existência no mesmo ciclo da mesma onda, como oscila inversamente na fase contrária da mesma onda. Não há como demonstrar que a realidade existe ou não existe.
Isto equivale a afirmar que o universo, e todos os demais universos, seus múltiplos e suas frações, são versões existentes simultâneas de suas versões não-existentes.
A incerteza reina absoluta.
E a questão da origem do universo responde a si mesma.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Sublime poesia

Sublime poesia,
Vai encontrá-la em seu sono,
Em seus sonhos,
Dormindo em seu domínio único,
onde ela pode ser livre,
De todos os seus fardos,
De toda aquela carga,
Que repousa,
Neste breve momento,
Distante de seu corpo.

Vai, minha poesia,
pousa silente sobre o seu
travesseiro,
Ao lado de sua beleza dormente,
Rente aos seus cabelos coloridos,
De uma cor ímpar, viva e dourada,
Contrastante a esse mundo cinzento.

Chega mais perto, minha poesia,
Como um daqueles anjos bondosos,
Que cuidam das crianças,
E que, num sussurro cantado,
Faça chegar ao mais fundo canto,
De sua alma-menina,
A mensagem que minhas mais eloquentes palavras,
Nunca foram capazes de levar.

Diga a ela, minha poesia,
Que não há minuto em minha vida,
Que não há célula em minha carne,
Que não há centelha em meu viver,
Que não há papila em meu paladar,
Que não há nota em meu escutar,
Que não há nada em meu ser,
Que não clame por um momento,
Livre, real e verdadeiro,
De simplesmente sentir,
O hálito de seu viver.

Diga, silenciosamente, minha poesia,
Tão alto que ninguém mais possa ouvir,
Tão colorido que ninguém mais possa ver,
Tão saboroso que ninguém mais possa provar,
Tão tocante que ninguém mais possa sentir,
O que ouço,
O que vejo,
O que provo,
O que sinto
Por essa mulher,
Por essa única mulher,
Que, sem saber,
Sem querer,
Tornou-se a melhor parte de mim!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Não me pergunte porque te amo

Não me pergunte porque te amo.
Não sei porque.
Não quero entender o porquê.
Além do meu entender,
Se estende o meu amor por você, por terras incógnitas,
Por paragens desconhecidas,
Em águas nunca dantes navegadas.
Por territórios não explorados de minha existência,
Sem mapas ou guias,
Sem norte ou rumo.
Assim se expande meu amor por você.
Muito além dos horizontes que imaginei eternos, conhecidos e sólidos.
Muito mais profundo do que meus mergulhos cotidianos,
Muito mais alto que meus vôos da razão.
Não me pergunte por que amo tanto você.
Quem sabe dele não me diz um única palavra,
Quem sabe desse amor incontido é o continente da minha carne,
O repositório da minha vida que se recusa a dizer o porquê,
Por mais que escute essa pergunta.
Sabe por quê?
Porque ele sabe, na sua mudez, na sua verdade não manifesta, a razão do meu amor por você.
E na sua sabedoria não tem porque me dizer,
Que não tenho porque saber,
O que sei, o que sempre soube, mais que tudo, para muito além de mim,
Que amo você.

"Gott ist tot"

Quando publicou esta declaração, Nietzsche, como homem de seu tempo, estava afirmando que deus deixava de ser o centro do qual emanava o poder absoluto. Deus era retirado de seu domínio pela força das revoluções norte-americana e francesa e a consequente cisão entre o estado e a igreja, da separação entre o poder temporal e o poder espiritual.
A revolução industrial do século XVIII (1700 -1800) promoveu a ascenção de uma nova classe social, proprietária do capital, a burguesia. E esta classe, guiada por seus interesses, promoveu por sua vez novos valores, na época revolucionários, porque desafiavam a ordem social estabelecida. A introdução de métodos científicos de produção, na otimização dos processos fabris, exigiam uma nova racionalidade menos religiosa e mais concreta, exigiam ciência e não orações. Associado a isso, enaltecia-se o valor do indivíduo, senhor absoluto da sua vida privada, como o centro e destino dos empreendimentos capitalistas, em oposição à criatura medieval, que tinha por único objetivo na sua vida a salvação de sua alma. O indivíduo e sua ideologia - o individualismo - nasce como a personificação do sucesso econômico da prosperidade capitalista, ascendendo socialmente apenas por seus próprios méritos pessoais.
Isso se contrapôs ao estado absoluto dos reis e rainhas ungidos por deus e controlado pela igreja católica, a grande potência medieval, onde as classes sociais se dividiam em nobreza, clero e plebe. A plebe se dividia em camponeses, que deviam vassalagem aos nobres por habitarem suas terras, e os burgueses, cidadãos que exerciam as ocupações urbanas como artesãos, banqueiros e comerciantes.
A articulação destes três últimos - artesãos, banqueiros e comerciantes - em torno do novo modo de produção deu origem à burguesia, que emergia dentro da velha ordem como detentora do poder econômico. Seus interesses privados - "laissez faire, laissez aller, laissez passer" - estavam em oposição direta aos do antigo regime monárquico absolutista, no qual os reis eram coroados pela igreja por direito divino e o poder destes derivava de sua escolha ordenada por um representante de deus, conferindo ao clero status político na sociedade. À nobreza cabia a propriedade da terra, fonte do seu ócio, de toda a produção e riqueza e de seu poder como classe social.
A morte de deus nesse processo de substituição do poder espiritual, representado na Terra pelo rei e pelo clero, é o rito de passagem no qual o poder temporal da burguesia torna-se hegemônico, preponderante na sociedade que se consolida no século XIX (1800 - 1900).
Deus sai do centro do poder público da vida e é reduzido a uma dimensão privada, entidade espiritual habitante da esfera das escolhas individuais. Deus deixa de controlar a sociedade com a derrubada da monarquia e se torna um deus íntimo, pessoal, destituído do poder político com a instalação das assembléias nacionais, instâncias democráticas do novo poder burguês.
Nas cidades medievais a arquitetura revela a transformação das sociedades. No centro destas cidades há uma igreja ou uma catedral, habitualmente a maior e mais alta das contruções. A cidade (o burgo) gravitava em torno desse centro espiritual e toda a vida era ordenada e dirigida a partir desse centro. Aos poucos e muito mais evidente nas novas cidades das Américas, o capital e suas maiores instituições, os bancos, passa a ocupar o centro com seus arranha-céus, símbolos do poder temporal e secular. As igrejas ainda por ali permanecem, mas agora apenas como modestas lembranças de um poder e de uma glória que não mais existem.
Assim foi que deus, na morte simbólica anunciada por Nietzsche, não deixou de existir. Não morreu de fato.
Foi cassado em seu poder poítico, substituido pelo poder do capital.
Exilado no íntimo dos indivíduos, deixou de fazer diferença nos negócios.

Como seria se você pudesse ver o mundo pelos meus olhos?

Como seria se você pudesse ver o mundo pelos meus olhos?
Você veria as galáxias em fuga? Veria o nascimento das estrelas?
Contaria as incontáveis e fugidias manchas solares?
Teria vertigens de habitar um planeta rodopiante?
Conceberia a dança incessante dos continentes? A erosão implacável dos ventos e das marés?
Se encheria de espanto com a marcha das espécies emergindo da lama em direção ao infinito?
Sentiria o vento que nos balança como folhas efêmeras da longeva árvore da vida?
Perceberia a fragilidade de todas as vidas e o privilégio de estar aqui, agora, contemplando a vastidão do abismo?
Sentaria à beira de um penhasco para observar as vidas humanas fluindo pelas estradas do tempo?
Sentiria as dores do mundo e o desperdício de todas as alegrias, sonhos e esperanças dos que já morreram? E dos que não nasceram?
Choraria - como eu choro - por todas as crianças perdidas, abandonadas, inocentes e punidas?
Lutaria contra os moinhos de vento pelas justas causas (não tão) perdidas?
Ergueria sua cabeça acima dos murmúrios e lamentos mesquinhos do cotidiano para fundar um sentido próprio para a sua vida?
Abandonaria suas pequenas certezas, seu atávico (questionável herança!) e pequeno porto seguro pela busca de si mesmo(a) em águas desconhecidas?
Teria a coragem de trocar seu lugar no mundo pelo estar verdadeiramente no mundo, ousando gravar um inconfundível "eu estive aqui" nas paredes da eternidade?
Aceitaria o alento precário, mas indispensável, do amor que às vezes, raras, raríssimas vezes, goteja sobre nossos corações?
Como seria bom se você pudesse ver o mundo pelos meus olhos...
Como seria bom se você pudesse me ver...

O comércio das drogas

O comércio das drogas, como atividade econômica, opera dentro da normalidade da economia capitalista. A ilegalidade deste mercado se conecta a outros mercados ilegais, como contrabando, armas, prostituição, tráfico de seres humanos. Todos esses mercados são ilegais e criminalizados não por razões morais como imaginam os ingênuos e os cínicos, mas por servir aos interesses hegemônicos capitalistas que se utilizam dessas atividades no exercício do poder. O caso Irã-contras é o exemplo acabado de como as atividades ilegais são intrumentalizadas com fins políticos. O crime não é uma distorção dentro do capitalismo mas um dos seus centros mais dinâmicos para a acumulação primitiva de capital. A ilegalidade dessas atividades, ao contrário do que imagina a maioria das pessoas, tem por finalidade colocá-las FORA do alcance do controle da sociedade e permite mantê-las em operação com a complacência corrupta das autoridades públicas. O estado "tributa" essas atividades através das propinas pagas ao aparato policial e judiciário. O "combate" às drogas na verdade é todo um sistema que permite esse mercado continuar a operar e se ampliar fora do controle formal da sociedade. A lógica do poder é simples mas está oculta por trás da neblina legalista que embaça a visão do cidadão comum.

sábado, 13 de agosto de 2011

A PROVA DA NÃO-EXISTÊNCIA DE DEUS

Na medida que, historicamente, desenvolvem-se a razão e a ciência, os deuses são substituídos pelo conhecimento e pela compreensão do fenômenos naturais. Foram ficando cada vez mais improváveis até o ponto em que se tornaram impossíveis. Foram sendo empurrados para fora da realidade e se refugiaram nos recessos obscuros da metafísica. Lá podem ter quaisquer atributos imaginários onde são apenas isso, imaginários.
A prova da não-existência de deus não é uma prova contra qualquer deus, mas contra o deus que é:
Onisciente, onipotente, onipresente, transcendental, imaterial, atemporal, pessoal e necessário.
E este é o mais perfeito, mais completo deus concebível pela metafísica e seus derivados. É a suprema concepção divina, frente a qual todos os outros deuses se apequenam em suas insuficiências e falta de predicados.
A primeira parte da prova está nesta própria definição. Há uma óbvia contradição entre ser "onisciente, onipotente, onipresente" e "imaterial, atemporal" simultaneamente. No universo da matéria, da energia, do espaço e do tempo, os primeiros atributos só podem ser verdadeiros se houver pelo menos uma parte de deus que seja material e temporal. Senão, não há como exercer a onipotência, a onisciência e a onipresença no âmbito do nosso universo.
Nenhuma potência que não pode ser vertida por fontes de energia utilizável, causará qualquer efeito sobre os eventos deste universo.
Nenhuma presença que não pode ser traduzida, experimentada, efetivada em algum tipo de matéria, que não assuma uma corporalidade material, que não ocupe algum lugar no espaço - ainda mais supostamente presente em todo o espaço - pode ser detectada e interagir neste universo.
Conquanto informação no universo é, necessariamente, energia, particularmente energia eletromagnética, qualquer entidade que se supõe onisciente deve, imperiosamente, ser capaz de ler as informações que são transmitidas por estas ondas energéticas. Tem de haver pelo menos um receptor sensível, vale dizer material, para todas as informações, capaz de detectá-las e permitir o efeito da onisciência. E o alcance deste receptor, neste nosso universo, é limitado pela natureza ondulatória da energia, por sua velocidade. Seriam necessários infinitos receptores para que o atributo da onisciência fosse verdadeiro, o que implica que em todos os lugares do universo haveria receptores presentes - a onipresença material. Desse modo só poderia haver um universo no qual todo o espaço é preenchido pela materialidade dos receptores de deus. Caso contrário, deus seria dependente da velocidade da luz, do tempo que a informação leva para ser transmitida e recebida, o que implica em submeter-se deus à temporalidade.
Portanto, ser "onisciente, onipotente, onipresente" e "imaterial, atemporal" simultaneamente é uma impossibilidade absoluta.
OU:
1- Deus é imaterial, atemporal E - por isso - inconsciente, ausente e impotente de modo absoluto.
OU:
2- Deus é (precariamente) onisciente, onipotente, onipresente E material e temporal;
No primeiro caso, não existe.
No segundo caso, esse deus pode existir apenas mutilado em seus maiores atributos porque a materialidade e temporalidade são limitações absolutas para a onisciência, a onipresença e onipotência. Esse deus sem os seus atributos plenos não é Deus.
Examinemos agora o argumento que está implícito na formulação deste conjunto de atributos. Deus seria a Totalidade, a soma de tudo que existe, maior que o universo conhecido, universo que seria, neste caso, apenas uma de suas partes. A dificuldade reside exatamente aí: Se o universo espaço-temporal, da matéria-energia, é parte de deus, pelo menos esta parte de deus é determinada pelas condições locais de tempo e matéria. Pelo menos esta porção de deus, necessariamente, não é imaterial e atemporal. A temporalidade e a materialidade deste nosso universo-parte impõe que deus seja simultaneamente, no mínimo, material e imaterial, temporal e atemporal. O que equivale dizer que deus é, no máximo, parcialmente onisciente, parcialmente onipontente e parcialmente onipresente. Evidentemente um absurdo. O que é parcial não é obviamente 'Omni' (do latim 'omne' todo, inteiro).
Logo, deus, na condição de totalidade que deriva do conjunto inicial dos seus atributos, não pode existir por contradizer e negar esses mesmos atributos. Finalmente, para que deus possa existir com todos os seus atributos preservados, teríamos que remover o nosso universo, onde estes atributos são simultaneamente impossíveis, da totalidade. O que equivale dizer que a existência do universo torna deus irrelevante, no melhor dos casos, e no pior e mais provavel, impossível. O universo é a prova da não-existência de deus.

Como escrevi inicialmente, esses argumentos por si já são suficientes para negar a existência desse deus.
Há ainda outros argumentos que provam a não-existência de deus e emergem dos últimos dois atributos divinos descritos acima. Primeiro, vamos descartar o ítem 'transcendental' como apenas uma expressão dependente de significado em relação aos outros atributos. É apenas uma redundância do imaterial e atemporal.

Porque um deus "onisciente, onipotente, onipresente, transcendental, imaterial, atemporal, pessoal e necessário" não é, afinal, auto-evidente? Por que uma entidade com tais atributos - esqueçamos as contradições por um momento - não está permanentemente, majestaticamente, irrefutavelmente diante de nós? Por que não é universalmente aceito como óbvio, real e verdadeiro? Por que precisa ser ensinado? Por que não é reconhecido instantaneamente por todos os seres conscientes? Por que é desconhecido por ampla parcela da humanidade?
Se é 'pessoal', então todos os seres humanos deveriam ser capazes de reconhecê-lo instantaneamente como parte integrante de sua própria natureza. O aspecto pessoal de tal natureza divina deveria ser tão óbvio que, quando adquiríssemos auto-consciência, diríamos "eu existo e deus também como parte intrínseca, inalienável de mim, assim como sou parte dele!". Todas as crianças do mundo, no nascimento ou quando se auto-descobrissem, sem qualquer outra influência, descobririam simultaneamente deus em sua própria pessoa. Mas não é o que ocorre, esse deus, ou todos os outros, precisam ser ensinados pelos pais ou pelo menos, mais tarde, pela tribo na qual as crianças nasceram. O que nos remete ao último atributo, o deus necessário.

Se deus é pessoal e necessário então todos os seres humanos não apenas o descobririam por sim mesmos mas, também e principalmente, não poderiam sequer viver sem ele. Esse deus seria mais importante e vital que o ar, sem o qual morreríamos em poucos minutos. Sem esse deus, qualquer um deixaria de viver instantaneamente, dada a sua suposta necessidade para todos os seres humanos. Mas, misteriosamente, diferentemente do ar que é impossível negar sua existência e imediata necessidade, há muitos humanos que simplesmente continuam a viver sem saber sequer da existência deste debate, quanto mais deste deus. Ignoram este deus com todos os seus atributos e esse debate que o cerca. O que leva a inevitável conclusão de que se houvesse esse deus não haveria sequer dúvidas, quanto mais ateus. Ninguém seria insano de negar a existência do que necessita para viver. Ninguém pode negar o ar, a luz solar e a água como vitais e necessários. Se há alguém que ignora deus, ou que, tendo-o conhecido, duvida e o nega é porque simplesmente esse deus onisciente, onipotente, onipresente, transcedental, imaterial, atemporal, pessoal e necessário, é apenas e inexoravelmente uma invenção não muito inteligente.
Um deus que não sabe, não tem consciência daqueles que o ignoram, não é onisciente; Um deus que não está presente em todos os lugares para ser inegavelmente percebido não é onipresente; Um deus que não pode provar incontestavelmente ao menos a sua própria existência, não é onipotente; Um deus que não se manifesta imediatamente na dimensão da consciência individual de cada um, não é pessoal e, finalmente; Um deus que não faz da vida de todos nós dependentes de sua existência, não é sequer necessário.

Em última instância, um deus "onisciente, onipotente, onipresente, transcendental, imaterial, atemporal, pessoal e necessário" - além de ser uma contradição nos próprios termos - que pode ser negado, só pode existir como uma invenção metafísica do cérebro primata. Portanto, não existe.
A Inutilidade das religiões.

Se deus não existe as religiões não fazem sentido.
Se deus existe e somos seus filhos, nenhuma religião pode cancelar a paternidade divina.
Se deus existe e NÃO somos seus filhos, nenhuma religião pode atribuir esta paternidade.
Em qualquer caso, as religiões são inúteis.